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25º Angelo Agostini, HQMIX Livraria e "Luz Vermelha"
Por Ruy Jobim Neto
16/02/2009

A cerimônia de entrega dos Prêmios Angelo Agostini mudou de endereço, ficou mais fácil o acesso (dos desenhistas, seus amigos e famílias) pois saiu do Senac da Lapa e veio para o Centro de São Paulo, para o Senac da Rua Dr. Vila Nova, diante do SESC Consolação. No entanto, a velha e modorrenta notícia: o acesso continua difícil ao grande público. Com as quedas de leitura em escala mundial, fazer Quadrinho, charge, cartum ou o que valha neste País é obra ou dos grandes sucessos (e os últimos, diga-se de passagem, ficaram na década de 1980, num jornal específico da capital paulista) ou do puro acaso de momento. O humor gráfico tem concorrentes ferozes, muito ferozes, o audiovisual que o diga. Precisamos de mais "casos Mutarelli", mais explosões desse tipo. Como diz o título de um filme de Jerry Lewis, Hollywood or Bust.
 
De sorte ou felicidade, os meninos da enorme trupe vermelha do Quarto Mundo sempre alegram. Will, Daniel Esteves, Jozz e todos os demais, multipremiados (desta vez, em 2009, com o Troféu Jayme Cortez) e com um esquema só deles, que eles desenvolveram, de produzir-editar-distribuir, tornou-se um símbolo de um fôlego criativo, a olhos vistos. Os prêmios dessa equipe dinâmica e alegre são fruto de muito trabalho, de um planejamento que encanta. As bancas do Quarto Mundo, repletas de material para vender, já se tornaram MP3, você acabará sempre cruzando com uma em um evento. Os meninos não param. Um dos momentos mais tocantes foi exatamente quando Gualberto Costa, além de ter elogiado o vigor e o esforço sempre muito bem vindo de Worney, falou dos meninos do Quarto Mundo como um irmão mais velho, algo assim, alguém que realmente viu aquilo tudo florescer, edição a edição, lançamento a lançamento. Merecido prêmio. Todos falaram o seu pouquinho, no palco. Que perdurem, eles são um alento e também a mostra de que competência é também feita de simpatia.

As presenças de JAL e Gualberto no evento da AQC do sempre simpático e ativo Worney de Souza trouxe um fôlego novo, muito belo de se ver, que é o da união. Os professores e pesquisadores Álvaro de Moya e Antonio Luiz Cagnin mostram outro fôlego, o da área intermediária, acadêmica, editorial. Alguns desenhistas de cidades periféricas a São Paulo, bem como de projetos incentivados pelo dinheiro público, todos estavam no Angelo Agostini para distribuir seus produtos, todos gratuitos. Chovia muito em São Paulo naquele sábado, não tanto quanto no domingo que veio logo em seguida, mas o auditório do Senac ficou recheado por nomes como Sergio Morettini (também laureado pelo Troféu HQMIX pela produção solitária – contando com as cores de Alexandre Silva – de seus quatro exemplares de Mico Legal), mas agora recebendo o Prêmio Angelo Agostini como Mestre dos Quadrinhos Nacionais. O discurso foi moderado, a emoção estava lá, mas era dia de festa. E foi mesmo. Junto dele, nomes como Mozart Couto, Watson Portela, Emir Ribeiro e Deodato foram premiados na mesma categoria, mas não se fizeram presentes.

Daniel Esteves foi o Melhor Roteirista do Ano, Marcio Baraldi o Melhor Cartunista. Nosso colega colunista do site Bigorna.net fez um discurso divertido, animado, prevendo um futuro maior e melhor para prêmios, premiados e produções nacionais. Oxalá assim seja. O belo álbum Menina Infinito recebeu o Angelo Agostini de Melhor Lançamento, bem como o Quadrinhos Independentes, de Edgard Guimarães o de Melhor Fanzine. A cerimônia começou com a exibição do Sinfonia Amazônica, o longa metragem de animação de Anélio Latini Filho, houve as palestras de Moya e de Cagnin, e as premiações. Worney jura que ano que vem trará ao palco a oração a Santo Agostini. Que o padroeiro traga bons ventos, e nos deseje muita sorte.

Helena Ignez e Paulo Vilaça em O Bandido da Luz Vermelha (foto: divulgação)
e e Helena Ignez, hoje (foto: Fabiana Caso)


O Bandido da Luz Vermelha, verdadeiro clássico do Cinema Nacional, está coletando suas locações, pois será refilmado sob o título Luz nas Trevas (e a bem dizer, é a tradução literal de uma peça de Bertolt Brecht, Lux in Tenebris). O filme está em fase de pré-produção e foi selecionado pelo Fomento ao Cinema Paulista. Além da grandiosa favela de Heliópolis - que será cenário de um outro filme, desta com roteiro de Maria Adelaide Amaral -, Gualberto Costa e Daniela Baptista anunciaram orgulhosos que uma das cenas do filme acontecerá na Praça Roosevelt, mais precisamente dentro da HQMIX Livraria. A própria Helena Ignez, viúva do diretor do filme original, Rogério Sganzerla (que faleceu em 2004), é quem produzirá a fita (que terá direção de Ícaro Martins, com participações já confirmadas da filha da produtora, Djin Sganzerla, de Daniel Filho e de Selton Mello) e Helena foi pessoalmente à Livraria conversar com os donos. Parafraseando Antônio Nóbrega, "de São Paulo para o Mundo".

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