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Quadrinhos, História e Cultura na Intercom 2007
Por Matheus Moura
06/09/2007

Do dia 29 de agosto a 2 de setembro ocorreu em Santos-SP o Intercom – Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, com a temática Mercado e Comunicação na Sociedade Digital. Apesar do tema um tanto restrito, houve espaço para uma mesa composta somente por trabalhos voltados ao Quadrinhos, mesmo ela estando classificada na NP (Núcleo de Pesquisa) de Produção Editorial. Esta classificação foi devido à NP dedicada a HQs ter sido desativada no ano de 2005 por falta do número mínimo de representantes doutores inscritos, o qual é oito. Neste ano houve seis. Espera-se que no próximo – em 2008, na cidade de Natal – o Núcleo de Pesquisas de História em Quadrinhos volte à ativa.

A mesa Quadrinhos, História e Cultura, que foi última do dia 2, teve início com 30 minutos de atraso e era coordenada por Ana Cláudia Gruszynski (Fabico/UFRGS). O primeiro a apresentar seu trabalho foi o cartunista Luiz Gê, com o texto A etimologia da palavra desenho (e design) na sua língua de origem e em quatro de seus provincianismos: desenho como forma de pensamento e de conhecimento; a explanação do autor continha informações interessantes a respeito da formação da palavra desenho e seus dobramentos de significado, o que acabou por fazer um paralelo a respeito da forma de utilização do desenho para o entendimento do ser humano para com sua realidade vivida. Ao fim da explanação Elydio dos Santos (também um dos componentes da mesa) fez sua análise a respeito do texto de Gê e então houve participação dos ouvintes para o debate. Na seqüência, Elísio dos Santos (IMES) apresentou o artigo O Quadrinho alternativo brasileiro nas décadas de 1980 e 1990; o maior porém deste trabalho (que é parte do pós-doutorado do autor) é que pelo título se imagina uma vasta gama de objetos analisados e no entanto a pesquisa se deu somente com a Circo Editorial (editora da época que publicou vários autores nacionais). O mais interessante desse trabalho é a análise a respeito do conteúdo utilizado pelos diversos autores que compunham o material da editora, como por exemplo, humor urbano, político, erótico, social e de comportamento, sendo alguns autores Laerte, Angeli, Luiz Gê, Glauco e companhia limitada. O termo usado por Elísio “alternativo” foi motivo de controvérsia entre os expositores, fazendo com que o Luiz Gê (o qual analisava o texto) ratificasse a expressão.
 
O terceiro expositor foi Gazy Andraus com o trabalho-homenagem a Joacy Jamys, intitulado: Joacy Jamys in quadri-memorian. Gazy justificou seu texto dizendo que com a morte de Joacy corre-se o risco de perder parte da memória nacional com relação às HQs brasileiras, já que o site do autor está fora do ar e, pelo que parece, não há previsão (e se muito, interesse) em se fazer um apanhado do material de Joacy para publicação. Toda a explanação de Gazy estava muito bem embasada a respeito de Jamys, com demonstração em slides de histórias escritas por ele, houve um apanhado geral da trajetória do autor, enfim, um trabalho de consistência feito com paixão, sendo além de tudo uma forma de reconhecimento e respeito por Jamys. Fábio Luiz Carneiro Mourillhe (PUC-RIO) fez os comentários a respeito do exposto. A maior discussão se deu pelo fato da falta de reconhecimento quanto ao autor brasileiro de HQs. Logo em seguida, Elydio dos Santos Neto (UMESP), tomou a palavra e apresentou o artigo Os Quadrinhos poéticos-filósoficos de Gazy Andraus: Provocações de uma visão crítica, espiritual e afirmativa da vida, aberta com uma história de Gazy e encerrada com a leitura da mesma. Durante a exposição, foi mostrada a vida e obra do autor, seu processo de criação, suas influências literárias, o que são Quadrinhos poéticos-filosóficos, além da questão mercadológica para este tipo de publicação. Os comentários ficaram com Roberto Elísio, que nada mais fez que elogiar a apresentação. Ao final o coordenador da NP, Prof. Anibal Francisco Alves (UFF/Intercom), mais que elogiar disse ter indicado o texto de Elydio como o texto que melhor expôs os ideais do Núcleo, e que ele concorrerá no final do ano, juntamente com mais dezessete autores (são dezoito NPs no total), ao prêmio de melhor texto do Congresso.
 
Estética da Violência nos Quadrinhos é o título do trabalho apresentado por Fábio Luiz. O conteúdo mostrado se refere a história da violência nas HQs, passando por todo seu desenvolvimento aos dias de hoje. A estética é amplamente discutida tendo por vezes o foco do trabalho deslocado por análises gráficas, que destoavam bastante da proposta inicial apresentada. A discussão foi aberta com os comentários de André Luiz Souza da Silva (FACOM), o qual apresentou o último artigo da mesa, intitulado O irreverente em Dragon Ball e Dragon Ball Z. A Possibilidade Cômica das Poéticas Narrativas nos Mangás. Este trabalho foi bastante interessante por levantar questões de narrativas que só os mangás possuem. Houve problemas técnicos do autor, como quando ele generaliza o mangá, se esquecendo da diferença crucial que os japoneses fazem ao segmentar amplamente seu mercado editorial, além de uma leitura errada quanto à seqüência narrativa de duas páginas de uma história de Dragon Ball. Após a análise de Gazy Andraus, houve o corriqueiro debate entre os ouvintes e por fim foi finalizada a última palestra da Intercom. Seria interessante os pesquisadores de comunicação voltarem a escrever textos para o Congresso fomentando ainda mais o meio acadêmico e diminuindo o preconceito com relação às Histórias em Quadrinhos. Para aqueles que se interessaram pelos temas debatidos este ano, basta acessar o site do Congresso (clicando aqui) e procurar pelos títulos, lá ainda se encontram vários outros artigos publicados em edições anteriores da Intercom.

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