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Gibi: o importante é se divertir
Por Roberto Guedes
23/02/2011

Qual é o sentido de você gastar seu suado dinheirinho em toneladas de revistas, álbuns e edições luxuosas de Histórias em Quadrinhos? Que lógica há em vasculhar sebos imundos à procura de edições raras – quando não menos deterioradas pelo tempo; colecionar ad infinitum títulos exaustivamente republicados em formatos diversos; e adquirir séries novas que já nem te agradam tanto, e que, você, por vezes, apenas compra e coloca na pilha, sabendo que jamais irá ler o referido exemplar?

Essas e outras perguntas sempre vêm à tona em rodinhas e listas virtuais de bate-papo dedicadas aos – por que não? – idolatrados gibis. Outro dia mesmo, em um grupo de discussão formado por jornalistas especializados, roteiristas, desenhistas e apreciadores em geral da “Arte Seqüencial”, falávamos pelos cotovelos sobre nossas experiências enquanto amantes contumazes dessa tal HQ!

Para alguns amigos, trata-se de algo terapêutico, que faz com que sua mente esqueça os percalços do dia-a-dia. Adentrando no campo da espiritualidade, outros praticamente beiram o fanatismo religioso (nenhuma crítica aqui, apenas constatação), e, ainda, há quem apenas goste de curtir a coisa em um nível periférico de entretenimento, vamos assim dizer. É o sujeito que compra somente aquilo que realmente lhe agrada – seja a série de determinado personagem, escrita pelo fulano ou desenhada pelo cicrano. E não é raro esse indivíduo simplesmente parar de acompanhar a mesma, caso alguma coisa ali o desagrade (mudança de autor, de linha editorial etc.).

Não sei qual é a sua praia, por isso vou falar do meu caso. Durante anos fui um leitor e colecionador voraz de inúmeros títulos nacionais e importados. Cheguei a um ponto em que comprava praticamente todas as séries Marvel e DC originais, além de ter em casa, as versões brasucas da EBAL, RGE, Bloch, Abril entre outras, dos anos 1960 em diante. Tudo isso, até o momento que a coisa foi perdendo o sentido. Revistas que jamais teria tempo ou interesse real de ler, avolumavam em proporções colossais nas minhas estantes.

Daí que iniciei o período de “desmanche” da minha nada pequena coleção. Algumas coisas eu me arrependi profundamente de ter vendido, mas outras nem um pouco. Sejam por questões profissionais – devido às pesquisas jornalísticas e de resgate histórico que vira e mexe realizo – ou pela mais simples e pura nostalgia. Mas com paciência e perseverança, e até mesmo com a ajuda de alguns amigos abnegados, vou, aos poucos, adquirindo um item aqui, outro acolá.

É uma pena que as revistas usadas estejam cada vez mais caras e difíceis de serem encontradas. E não é por causa da grande procura, não! Antes o fosse, pois, assim, os preços astronômicos cobrados pelos comerciantes ou leiloeiros de plantão estariam mais do que justificados. Acontece que muita gente vive de adquirir cópias e mais cópias do mesmo exemplar, por pura ganância ou egoísmo, não sobrando nada para ninguém mais. Há notícia de gente que guarda tudo pra si, não mostra, não vende, não nada!

Bobão!

No caso específico do comerciante, OK! É o negócio dele (não que o isso o habilite a ser um verdadeiro ladrão na hora de taxar seus preços), mas no caso de um particular, sinceramente não vejo muita lógica. Aliás, nenhuma.

Enfim, o auto-exame de consciência é gratuito, e todo mundo nasce com esse dom. Se eu pudesse aconselhar alguém individualmente, diria: compre apenas o que você realmente gosta. Aquilo que você vai ler e reler, que tenha algum significado bom para você.

O fato inconteste é que a Revista em Quadrinho tem essa característica “transcendental” de nos transportar de volta no tempo, e resgatar sensações, recordações e emoções de outra época, geralmente mais feliz, ou, assim idealizada em nossas mentes saudosistas.

Portanto, meu chapa, boa leitura! Boa diversão!

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