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A nova fantasia do mestre Miyazaki
Por Ruy Jobim Neto
14/09/2005

Espantoso. É só o que podemos falar do "master filmmaker" (cineasta mestre, como é chamado pelos distribuidores) Hayao Miyazaki (foto), o autor de O Castelo Animado. Se ele exibe o rito de passagem de menina para adolescente em A Viagem de Chihiro, através da história de uma garotinha, Chihiro, que se perde dos pais e acaba entrando num mundo fantasioso, é em O Castelo Animado (Howl's Moving Castle), de 2004, que ele mostra a passagem seguinte - a da jovem para o mundo adulto. E com que categoria.
 
Miyazaki se supera a cada filme, e isso por si só mostra a pujança do desenho animado japonês em suas vertentes as mais diversas, diante da animação ocidental. Basta lembrarmos de Akira, de Katsuhiro Otomo e de como esse filme causou comoção no mundo do cinema (e mesmo dos quadrinhos). Só um detalhe: vem vindo por aí outro filme do autor de Akira, e que é tido como o filme de animação japonês mais caro da História, chama-se Steamboy. Miyazaki, por sua vez, é outra estrada.
 
Tendo suas obras-primas (Meu Amigo Totoro, A Princesa Mononoke e A Viagem de Chihiro, entre outros) ganhado os corações e as mentes de todos aqueles que amam a animação, Miyazaki tem contribuído com a graça do próprio meio, com a fantasia, a poesia e a humanidade presente por trás de cada pequena história dos povos. E aqui, mais uma vez à frente do Studio Ghibli (e com distribuição mundial dos Estúdios Disney), o cineasta põe nas telas o delicado e romântico roteiro de Diana Wynne Jones.
 
Sophie é a personagem central de O Castelo Animado. Ele, o castelo, já aparece desde as primeiras cenas, que por sua vez exibem cenários deslumbrantes, compondo um colossal desenho de produção. A menina trabalha tranquilamente numa tranqüila cidade como chapeleira, uma cuidadosa reformadora de chapeuzinhos delicados, algo tão pueril que nem de longe lembra o que irá lhe acontecer em breve.
 
Quando ela se defronta com Howl (cuja voz em inglês é feita pelo ator Christian Bale, o atual Batman) e a fantasia começa a aparecer em sua vida - a primeira cena do vôo sobre a cidade é um primor -, a menina se vê perseguida por uma magia, um encantamento de uma bruxa. Sophie então é transformada, num passe de mágica, numa mulher de 90 anos de idade. Ela resolve então se refugiar dentro do misterioso castelo que ronda a cidade.
 
Há uma guerra no ar, as cidades virarão pó em seguida. O castelo parece o melhor lugar do mundo para ficar. E é neste lugar que a fantasia vai às últimas conseqüências, transformando o longa-metragem numa sucessão interminável de extraordinários cenários (uma direção de arte impecável ) e a música belíssima de Joe Hisaishi. Os personagens que aparecem em seguida são os mais insólitos e adoráveis, ao mesmo tempo - uma bruxa, um cachorro velho, um fogo fátuo (com a voz de Billy Cristal, em inglês), um espantalho, um menino gnomo e finalmente Howl, o dono do castelo.
 
O filme é um rito de passagem, como dissemos, mas também uma história de amor. A paixão de Sophie e Howl não pode se concretizar: quando é noite, ele é uma enorme ave com rosto de gente (como as harpias gregas, da lenda do Velo de Ouro), Sophie volta à forma normal de garota, e de dia ele é um jovem e belo rapaz por quem ela se apaixonou, mas ela está sob a forma encantada, de mulher de 90 anos. Ou seja, a força do amor combate as maiores adversidades - eis a mensagem por trás desse belo desenho animado.
 
Como é absolutamente impossível descrever a beleza, a candura, a fantasia e o romance deste maravilhoso filme do mesmo autor e do mesmo estúdio produtor  de A Viagem de Chihiro, fica aqui a indicação para que o internauta não perca essa obra de arte no melhor lugar do mundo para vê-la e ouvi-la: o cinema. O Castelo Animado é puro encantamento.

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