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Cuidado onde pisa! (Parte 1)
Por Dark Marcos
24/04/2011

Homem-Formiga. Falando assim parece até uma piada. Uma sátira de super-herói. Para os que não acham graça, parece até uma "cópia" descarada de outro homem-inseto, o Homem-Aranha. Mas a verdade é que o Homem-Formiga, também super-herói da Marvel, tem grande importância naquele universo de personagens. Importância histórica e cronológica inclusive. Para se ter uma idéia, ele surgiu em Janeiro de 1962, quando ainda era publicada a segunda aparição do Quarteto Fantástico, grupo que surgiu para alicerçar a Marvel e seus super-heróis. Bom... de certa forma, essa primeira aparição está mais para um acidente editorial do que propriamente a criação de um novo herói. Mas, afinal, que personagem Marvel não surgiu nessas condições?

Hoje o gênero super-herói é conhecido e distinto dentro da indústria de quadrinhos, sendo a editora Marvel uma das maiores e mais famosas do mundo no segmento. A verdade, no entanto, é que cada um de seus personagens surgiu timidamente, pouco demonstrando a intenção de se adequar ao gênero. Homem de Ferro, Homem Aranha, Thor, Doutor Estranho... e tantos outros... surgiram em histórias que mostravam trágicos destinos de personagens que se deparavam em situações fantásticas, algo mais comum em histórias de terror, ficção científica e suspense. Até mesmo o Quarteto Fantástico, um grupo formado por quatro heróis, apareceu pela primeira vez em clima de ficção científica, longe da intenção de serem combatentes do crime ou defensores dos oprimidos. Nem mesmo uniformes coloridos eles tinham. O Homem-Aranha, esse sim com um uniforme chamativo e colorido, usava-o como mero adereço para contar a dramática história do jovem que ganhou poderes fantásticos e aprendeu da pior forma a ter responsabilidade.

Se os heróis anteriores da Marvel surgiram em histórias que pouco lembrava o clima dos super-poderosos em uniformes coloridos, o Homem-Formiga, com certeza, é a prova mais gritante desse fenômeno. A revista Tales To Astonish publicava coletâneas de histórias de ficção e suspense, lembrando em muito as curtas histórias do seriado Além da Imaginação. E foi em uma dessas história, publicada no número 27 daquela revistas, escrita por Stan Lee e desenhada por Jack Kirby, que conhecemos o jovem cientista Hank Pym. Seu nome, nessa ocasião, nem tem tanta relevância histórica, uma vez que o foco da ação é a fantástica criação que ele apresenta: um soro capaz de reduzir qualquer coisa a tamanhos minúsculos (acompanhado pelo antídoto, que restaura tudo a seu tamanho normal). Faltava a Pym testar tal descoberta em um ser vivo. Ridicularizado pela comunidade científica, decide lançar-se como primeira cobaia.

Solitariamente, Pym usa o soro de sua criação e diminui de tamanho até o proporcional a um pequeno inseto. Chocado com o resultado, porém lúcido e fisicamente inteiro, sai em disparada em direção o próprio quintal que, de seu diminuto ponto de vista, agora se parece com uma enorme selva. De cara, vê a ameaça de uma formiga, que agora aparenta ser gigantesca, seguindo em sua direção. Tão impensado quanto correr em direção ao quintal, o cientista decide esconder-se em galerias de um formigueiro. Obviamente, a idéia, que de brilhante nada tinha, transforma-se em um pesadelo para Pym. Ele é obrigado a fugir de formigas que o vêem como ameaça e se embrenha perigosamente formigueiro adentro. Como se a história já não parecesse bizarra o suficiente, ainda há detalhes estranhos como a cena em que o cientista derrota uma formiga com golpes de judô e uma formiga que, estranhamente, decide ajudá-lo em momentos de perigo, levando-o, inclusive para a segurança de seu laboratório e para o soro-antídoto que restaura seu tamanho. A moral da história, comum em contos de ficção desse tipo (apesar do raro fato de não terminar tragicamente), é que devemos nos preocupar com a vida como um todo. Pym pensa sobre isso e sobre o fato daquela formiga, uma entre tantas que ignoraríamos em nossas rotinas diárias, ter compaixão e se importar com alguém que não é de sua espécie.

Na próxima semana, Pym – o Herói.

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