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Santo sorriso, hein, Batmaaaaan???
Por Dark Marcos
03/05/2010

Foi ele! Todos dizem que foi ele! O culpado pelos quadrinhos terem se tornado mais bobinhos foi o Batman! Pelo menos, foi o herói que usaram de laranja para exemplificar todo o mal que as histórias em quadrinhos faziam aos jovens leitores e leitoras. Não foi o único exemplo, mas foi o que ficou mais conhecido. Quem aqui nunca fez piadinha sobre Batman e Robin ter um caso? Piada velha e engraçada, né? Pois justamente uma relação homossexual entre a dupla dinâmica foi um dos exemplos dos "males" que os quadrinhos podiam causar. Assim julgavam os "donos da verdade" em meados da década de 50.

É curioso, no entanto, como algo que foi apontado como mal exemplo se tornaria absurdamente escrachado nos anos seguintes. Se reclamavam que Batman não devia ter um caso mais colorido com Robin, nas edições seguintes as histórias da dupla dinâmica se tornariam muito mais, digamos, alegres. Muuuuuito alegres. Risonhas até...

Hoje, o Batman sombrio e carrancudo remete à Era de Ouro dos Quadrinhos, as suas origens. Se o Batman sorrisse para um bandido é porque o meliante ia morrer. Encontrar com Batman em Gotham City era sinal de mau agouro. Na Era de Prata no entanto, Batman gostava mesmo era de viver a vida, usando seu uniforme azulzinho e indo e vindo com o bat-móvel, sempre ao lado de seu parceirinho não menos sorridente, o menino prodígio. Chegavam a sorrir mais que o Coringa. Aliás, Coringa? Quem é Coringa? Aquele psicopata que se divertia matando pessoas? Esquece! Não havia espaço pra pessoas problemáticas.

Com poucos vilões insanos para enfrentar, as aventuras de Batman tomavam um outro rumo. Ficção Científica! Sim, eu sei, não tem nada a ver com as histórias urbanas de Batman. Mas a Ficção Científica era uma das grandes saídas para se publicar histórias menos sanguinolentas nos quadrinhos e o Batman feliz não podia andar fora da moda, não é mesmo? É claro que, bom, ninguém queria admitir, mas, monstros alienígenas eram uma excelente metáfora aos "vermelhos", os comunistas, que eram os vilões do mundo real da época.

E nem adianta colocar a culpa no seriado Batman da década de 60. Aquele clima pastelão era, acreditem, o mais próximo e fiel ao que os quadrinhos queriam transmitir. O personagem foi sim infantilizado ao extremo e isso se refletia em outras mídias. E, gostem ou não, foi graças a essa "saída do armário conceitual" que Batman sobreviveu durante esse conturbado período de sua carreira.

Mas, apesar de uma época de história divertidas (sim, no bom sentido do termo) de uma criatividade avassaladora, os censores uma hora iam cochilar e o bom e velho Batman poderia mostrar suas garras novamente. Praticamente no fim da Era de Prata, Robin deixaria seu alegre mentor pra trás, viraria adulto (não, não vou cair na tentação de dizer que "viraria hominho") e partiria para a faculdade. A saída daquele garoto de roupas coloridas da mansão, foi sinal para Bruce Wayne também mudar radicalmente. Mudou-se para o centro urbano de Gotham City, morando em um luxuoso edifício. Voltou a se tornar mais sombrio (violento ainda não, pois se continha bastante). E até mesmo viu pesadelos como o Coringa retornarem mais insanos do que nunca.

Não conseguiu se livrar, de imediato, do modelito azulzinho que usou por tanto tempo. Vai ver que se acostumou com a cor mais alegre. Afinal, foram mais de uma década usando o mesmo tom. Mas já não era tão engraçado falar disso para ele. Não dava para achar graça de um personagem que voltou a ficar sério. Sorriso? Que sorriso? Ao final da Era de Prata, Batman voltou a ser carrancudo. E os bandidos voltaram a sussurrar: "Batman sorriu pra você? Adeus!"

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