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Resenha: Desenhando Quadrinhos
Por Alexandre Nagado
10/10/2007

Depois de sacudir a comunidade quadrinhística mundial com o criativo e esclarecedor Desvendando os Quadrinhos (de 1993), o autor Scott McCloud se especializou em fazer Quadrinhos sobre os Quadrinhos. Seu livro seguinte, Reinventando os Quadrinhos (2000), complementava o anterior e abria espaço para uma série de especulações e palpites pessoais sobre os rumos da nona arte num mundo cada vez mais digital. Entre erros e acertos sobre os rumos dos webcomics, McCloud mostrou que, acima de tudo, entende a linguagem da arte seqüencial como poucos. E eis que, depois de tanta teoria, ele resolveu que era a hora de ensinar como é que se faz uma boa História em Quadrinhos. Parece pretensioso, mas ele cumpre a tarefa com uma clareza desconcertante em seu novo livro, Desenhando Quadrinhos, lançado pela M.Books, que já havia editado as obras anteriores de McCloud no Brasil em 1995 e 2005, respectivamente.

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Sem querer impor fórmulas ou modelos prontos para serem apenas copiados, McCloud estimula o leitor-aluno a pensar nas possibilidades inerentes ao uso combinado das palavras e das imagens. Dando espaço para o desenvolvimento do aluno na arte realista, estilizada ou mesmo no estilo mangá, o livro aborda a criação de personagens, cenários, roteiros e narrativa, culminando na arte-final e até letreiramento. Inconformado com as limitações do papel, McCloud criou complementos no “capítulo 5 ½” em seu site oficial, ainda sem versão em português. Aos fãs de mangá, McCloud dedica especial atenção, demonstrando ser um grande entusiasta da escola japonesa de narrativas gráficas. Mesmo sem ser um grande ilustrador, ele demonstra na prática lições valiosas sobre profundidade visual, diversidade de tipos e expressividade nos desenhos. Tudo com muita abrangência, ponderação e bom humor, características que tornam a obra uma leitura divertida e informativa ao mesmo tempo. Já no final do livro, as diversas possibilidades de se trabalhar com Quadrinhos são analisadas com uma visão clara, realista e honesta. Mas convém ressalvar que McCloud se refere ao mercado estadunidense, e que a realidade do mercado de trabalho para HQ no Brasil está anos-luz atrás. Em outra parte, o autor explica detalhadamente as características, prós e contras de vários materiais de desenho. Nem todos os materiais são acessíveis da mesma forma aqui e existem outras opções e nomenclaturas em nosso mercado. Mas não é nada que uma visita a algumas boas lojas não resolva.

Em Desenhando Quadrinhos, as notas explicativas que já estavam grandes em Reinventando os Quadrinhos aumentaram tanto de tamanho que se transformaram em capítulos de texto, com diversas informações complementares. O recurso talvez trunque um pouco a fluência da leitura mas, sem dúvida, isso acrescentou mais nuances e enriqueceu o conteúdo da obra. McCloud não quer apenas divertir o leitor, e sim dar a melhor aula que poderia. Como ele mesmo cita no livro, é preciso deixar que as palavras também cumpram sua função. Com numerosos exemplos e exercícios práticos, nunca um livro foi tão abrangente em sua proposta de ensinar como fazer Quadrinhos. Desenhando Quadrinhos tem 264 páginas, formato 17 x 25 cm e já está à venda em livrarias e lojas especializadas.

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