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Resenha: O Cabeleira
Por Eloyr Pacheco
18/07/2008

O trabalho editorial que a Desiderata vem fazendo chama a atenção. Os lançamentos coordenados pelo editor de Quadrinhos S. Lobo tem muita qualidade, vide O Cabeleira, de Leandro Assis e Hiroshi Maeda (roteiro) e Allan Alex (arte), o mais recente lançamento da editora.

Assis e Maeda inspiraram-se nas histórias contadas em cordel e no livro de Franklin Távora, de 1876, que narra a vida de José Gomes, O Cabeleira, que apavorou o nordeste brasileiro mais ou menos um século antes. O 8º Laboratório de Roteiros de Cinema do SESC teve coordenação de profissionais como Sérgio Goldenberg e Bráulio Mantovani, que procuraram fazer com que o roteiro de O Cabeleira fosse lapidado exaustivamente. S. Lobo teve olho clínico para entre os roteiros selecionados para o 8º Laboratório de Roteiros de Cinema do SESC “sacar” o trabalho de Assis e Maeda e fazer o convite para transformá-lo em um álbum de Histórias em Quadrinhos. Fãs confessos de HQs, o trabalho dos dois roteiristas pedia para ganhar as páginas de uma edição de Quadrinhos. O fato de tratar de uma temática tão brasileira valoriza ainda mais o trabalho.

Convite aceito, o editor chamou o desenhista Allan Alex para “ralar”. No momento não imagino nenhum outro traço que combinasse tão bem com a história a ser produzida. Conheci Allan Alex e seu amigo roteirista Patati quando publiquei Nonô Jacaré na revista Metal Pesado #6, de novembro/dezembro de 1997. A arte de Nonô Jacaré era sensacional, e Alex dono de uma narrativa incomum, marcante e bastante “européia” – termo que utilizo aqui como elogio –, nada daqueles exageros freqüentes dos comics. Na apresentação do álbum, os roteiristas registram a importância de Allan na produção e suas contribuições em prol da história. Em O Cabeleira, o talentoso desenhista apresenta um traço refinado. Demonstrando maturidade abusa do contraste claro escuro, assim como usa a linha clara com maestria, quando quer (ou acha necessário). Seu trabalho demonstra grande preocupação em contar a história. Em algumas passagens sem nenhum texto isso fica bastante evidente.

Um excelente álbum que agora transposto para os Quadrinhos pede um longa-metragem. Quem sabe o roteiro que nasceu para ser um filme e acabou virando uma HQ por causa de um editor visionário não se torne agora, por fim, um filme. Enquanto isto não acontece encante-se com a obra impressa, que merece um lugar entre os melhores álbuns nacionais dos últimos tempos.

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