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Entrevista: Sassá
Por Eloyr Pacheco
26/10/2007

Gustavo Sandoval, ou simplesmente Sassá (de Londrina, no Paraná), é um artista no sentido literal da palavra. Quando não está desenhando está tocando com sua banda. Ele faz arte (no bom sentido!) o tempo todo! (risos) Conversar com ele é sempre um prazer: o cara sempre te recebe com um belo sorriso e, até como um contraste com sua agitação artística, tranqüilamente. Com vocês um bate-papo com um dos editores da revista Muamba e chargista do Jornal de Londrina.

Qual a sua formação?

Sou formado em artes visuais pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Fiz alguns cursos e workshops de ilustração e HQ e fiz dois anos e meio de Arquitetura na UEL.

Desistiu da Arquitetura?

Desisti... Eu queria fazer Cartum e Arquitetura era o curso, na época, aqui em Londrina, que mais se aproximava do que eu queria, mas eu não gostava de ficar preso à matemática do desenho, queria algo a mais... 

Você acha que essa formação contribui para a sua produção?

Com toda a certeza! O pouco que fiz de Arquitetura, me deu muita noção de perspectiva, desenho geométrico, proporção, e tudo isso é imprescindível para um ilustrador.

Como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos?

Desde cedo o desenho me fascinava, meu pai comprava Quadrinhos da Turma da Mônica, Disney e Recruta Zero. Antes de ler eu já "via" HQs. Acho que com seis anos já tentava copiar os personagens desse universo. Fui crescendo e tendo contato com os multi-universos dos Quadrinhos e fiquei viciado!

E hoje em dia o que você lê de Quadrinhos?

Eu não leio Quadrinho! É coisa de criança! hahhahhahha brincadeirinha!

Ha! Ha! Ha! Eu também acho que é coisa de criança! Ha! Ha! Ha! (Brincadeira!)

Leio um pouco de tudo: Coisa nova, coisa velha, Tin-Tin, Marvel, DC, Dark Horse, Vertigo, Sergio Aragonés, Frank Miller, Mauricio de Sousa, Will Eisner, HQ de terror, Tex, Asterix, HQs nacionais, zine, blogs e fotologs de cartunistas...

Você se lembra de seu primeiro trabalho remunerado? Qual foi?

O primeiro mesmo foi como ilustrador daquelas figurinhas que vem nos salgadinhos e chicletes. Tinha que fazer muita coisa e foi um trabalho muito bom!

Deve ter sido cansativo, mas também deve ter sido muito legal! Quando foi isso? Lembra para qual coleção foi?

Era livre. Para uma marca de salgadinhos pouco conhecida aqui no sul. A única regra era fazer um desenho diferente do outro. E cada folha tinha 96 desenhos. O brainstorm era bravo! Eu fazia junto com um amigo da faculdade. A gente se revezava entre desenhar, arte-finalizar e colorir na mão com ecoline.

Como foi que você começou a fazer charges para o Jornal de Londrina?

Logo que voltei de São Paulo, fiz um contato com o pessoal do JL e eles estavam sem chargista. Eu nunca tinha feito charges até então. Entrei como auxiliar de paginação e fui rabiscando... Alguns meses depois já estava fazendo a charge diariamente.

Como é a sua rotina diária?

Quanto ao jornal a rotina é me informar dos assuntos atuais, conversar com o pessoal da redação, bolar a idéia, apresentar rascunho e arte-finalizar. De resto minha vida não tem muita rotina, pintam diferentes trabalhos ligados à arte como trilhas sonoras, grafitti, tatuagem, cartilhas, flyers, cartazes, ilustrações e minha banda Trilöbit, que tem viajado com certa freqüência pelo Brasil.

Legal! Que tipo de som vocês fazem?

Trilöbit faz um som no mínimo diferente... eu toco uma guitarra com duas cordas de baixo, o baixista é um gorila (General Urkö), o Batera é um mutante (Animau Gönzález) e tem um DJ terráqueo também (Moröder), eu sou conhecido como Nösferatus e tocamos rock espacial. Uma mistura de rock, eletrônico e referências clássicas e de vanguarda relativas à mídia em geral. 

Como foi a sua experiência com a Muamba?

Sabe papo de boteco? Eu e o Beto, cartunista daqui de Londrina, conversamos sobre unir as forças e fazer um zine bacana e bem diagramado. Do papo, partimos pra ação e conseguimos fazer cinco edições, com participações mais do que especiais de cartunistas de todo o Brasil. Muamba foi um projeto aprovado pela lei de incentivo à cultura de Londrina e lançado pela Atrito Art.

Não conheço o Beto pessoalmente, mas gosto muito do que ele tem publicado, tanto na Coyote, como na Muamba. E vocês pretendem continuar editando a Muamba?

O Beto é um excelente artista. Só não pode dar banho nem comida depois da meia-noite. A vontade de continuar a Muamba existe, mas falta "criatividade" (leia-se grana).

E patrocínio?

Tanto o livro Charges de Londrina, quanto a Muamba foram projetos que passaram no edital da lei de incentivo municipal. Eu já pensei em procurar patrocínio, mas quem vai patrocinar algo chamado Muamba? Já é difícil quem compre... hehhehe

A coletânea Charges de Londrina – um arquivo da história recente da cidade, que reuniu as suas charges publicadas no JL de 1999 a 2003 foi lançado em 2003. Você não acha que já está na hora de fazer outra?

Demorou! Eu já estou fazendo a coletânea de 2003 até aqui, que pretendo lançar em 2008.

Você é um privilegiado, afinal você vive da sua arte, não é mesmo?!

Graças a Deus! Eu sempre soube que isso era o que eu queria e gostava de fazer. Não parei de rabiscar e os trabalhos foram aparecendo. Não tenho uma renda mensal exemplar, mas sobrevivo bem com meus desenhos. A minha ambição é similar à minha renda (choro compulsivo).

Quais são seus planos (se é que você os faz)?

Não tenho muitos planos concretos, mas sei que vou trabalhar com arte sempre! Seja na música, no desenho, no teatro e no que mais vier pela frente!

Valeu, Sassá! Muito obrigado pela entrevista.

Eu é que agradeço pelo convite e pelo ensejo!

O Bigorna.net agradece a Sassá pela entrevista concedida por e-mail e finalizada em 25/10/2007

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