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Entrevista com Lobo (Mosh!)
Por Leonardo Santana
28/07/2006

Uma das revistas independentes de maior sucesso, tanto de público, quanto de crítica, a Mosh!, teve seu fim anunciado na 18ª edição do HQ Mix, conforme noticiado aqui. Agora, seus principais editores, Lobo e Renato Lima, partem para outros projetos editoriais: Lobo agora trabalha como editor de Quadrinhos na Desiderata (editora que lançou O Pasquim Antologia – 1969-1971), e Renato Lima publicará a Jukebox (mais detalhes em breve no Bigorna.net), uma revista nos mesmos moldes da Mosh!. Nesta entrevista ao Bigorna.net realizada por e-mail, Lobo discorre sobre sua carreira, seus planos, como foi publicar e o porquê do fim da Mosh! depois de doze números lançados.

Em primeiro lugar, fale-nos um pouco sobre quem é o Lobo; como começou e o que você fez até esse momento?

Não me lembro da minha vida sem Quadrinhos, mesmo antes de poder ler. Sabia que um dia trabalharia com isso. E esse dia chegou no ano de 1991 quando fui estagiário do Heitor Pitombo, Rick Goodwin, Caco e Patati na Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro. O mesmo se repetiu na Bienal de 1993. Depois me formei em publicidade e trabalhei muitos anos como diretor de arte. Continuo trabalhando com diretor de arte free-lancer. Também ganhei o Salão de Humor em 1999, com o roteiro de Bingulu - O homem mais engraçado do mundo, desenhada pelo Caco. E agora estou editando Quadrinhos pela Editora Desiderata. A Mosh! surgiu durante um curso de Quadrinhos e Animação que o Renato Lima e eu ministrávamos numa faculdade. Era difícil falar de mercado para aqueles alunos que estavam investindo seu dinheiro num curso de Quadrinhos, pois pouco ou nada se produzia na época. O cara estava se especializando para uma profissão sem mercado. Era tanto talento jogado fora que decidimos aproveitar o pessoal do curso e criamos a Mosh!.

A Mosh! percorreu um longo caminho e chegou a agradar tanto os críticos quanto os leitores, ganhando, inclusive, duas vezes o HQ MIX. Ao que você atribui isso?

Muito trabalho e muita sorte. Pra lançar a Mosh! fizemos muito estudo e planejamento, não foi uma decisão intempestiva. Depois saímos tentando cumprir os passos planejados e, já no quinto número, a revista já estava fazendo sucesso, muito antes da nossa expectativa mais positiva.

Durante o período em que o Mosh! foi publicada, como era definida a pauta da revista e como ela era produzida? E como eram administrados os conflitos?

Nós mantínhamos reuniões quinzenais com o pessoal do Rio, onde eram discutidas pautas e os Quadrinhos que eram enviados pra gente. Também mantínhamos uma lista de discussão onde os desenhistas de todo Estado também podiam opinar. Os conflitos eram administrados do jeito mais democrático possível: diálogo.

Você mesmo disse que a Mosh! foi uma escola. Das lições tiradas, o que você aprendeu de bom e o que você aprendeu que não deve fazer mais?

Não existe uma escola de edição de Quadrinhos, aprendi tudo sozinho fazendo a Mosh!. É importante ter a publicação bem conceituada, com o público bem definido, para “brifar” os desenhistas e depois para avaliar se o conteúdo da história está dentro da gama de interesse da publicação.

Qual foi a maior dificuldade enfrentada pela revista?

Periodicidade é o mais importante, o público fica ansioso pra ter a revista em mãos, por isso é necessário cumprir os prazos. Essa é a grande batalha.
 
Também foi dito que havia uma diferença de visão quanto ao rumo editorial da Mosh!: exatamente que direção cada um (você e o Renato Lima) gostaria de ter dado para a revista e o que acarretou no fim da publicação?

A Mosh! chegou num ponto que para crescer tinha apenas dois caminhos: investir na captação de publicidade ou produzir festas em outros estados. Eu era a favor de correr atrás de anunciantes, para poder aumentar a tiragem e melhorar a distribuição da revista. A produção de festas foi muito importante para o estabelecimento da revista, para o primeiro contato com o público, mas não se mostrava uma estratégia eficaz para o crescimento.

Você poderia dar mais detalhes sobre seus projetos na Desiderata?

A gente está fechando a programação desse ano. Assim que estiver definida eu mando pra vocês!

Para quem quer editar uma revista independente no Brasil quais as sugestões e dicas que você pode dar?
 
Uma revista para acontecer, para conquistar um público, tem que circular pelo menos um ano. Só um bom planejamento assegura a sobrevivência de uma publicação. Não adianta ter dinheiro pra fazer só uma edição, por melhor que seja o conteúdo uma revista só pega com o tempo.

O Bigorna.net agradece a Lobo pela entrevista.

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