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A última marcha de Joacy Jamys: o adeus do cartunista mais punk do Brasil!
Por Marcio Baraldi
16/12/2006

Pois é, estou virando especialista em homenagear broders recém-desencarnados. E lá vamos nós de novo, agora com o grande Joacy Jamys, um dos cartunistas mais produtivos de sua geração, que acaba de deixar o corpo e os problemas mundanos pra ir desenhar sossegado na Espiritualidade.

JJ, além de cartunista talentoso e inquieto, foi designer, escritor, tradutor, artista gráfico, ativista cultural e político e vocalista de três bandas punk/hardcore: Estrago, Terror Terror! e Última Marcha. Com esta última gravou seis CDs, tocou no exterior e construiu uma sólida carreira na cena underground do Maranhão, estado onde, apesar de carioca de nascença, fincou suas bases desde os 14 anos. JJ fez muito de tudo, abriu várias empresas, a última foi o Etnia Design, e mantinha o ótimo site Joacy Jamys, onde além de despejar toneladas de Quadrinhos, tiras e cartuns, também resenhava publicações de terceiros e entrevistava outros autores (eu fui um dos contemplados com tal honra). Recebeu prêmios, fez exposições no Brasil todo e no exterior, foi indicado para o Prêmio HQ Mix de 2006 como autor revelação e como melhor site.

Mas infelizmente nem tudo eram flores! No último e-mail que troquei com meu broder JJ em 11 de outubro passado, ele queixava-se sobre os últimos dois anos de sua vida, que, segundo ele, haviam sido muito difíceis. Havia experimentado o famoso “fundo do poço”, que dez entre dez mortais cedo ou tarde experimentam, e estava retornando à superfície novamente. Acabara de construir uma casa no meio do mato e fazia uma lista de planos, entre eles publicar seus Quadrinhos na editora americana Dark Horse e reformular completamente seu site. Mas não deu tempo! Uma outra queixa que o aborrecia muito interrompeu seus planos: sua saúde debilitada. Joacy reclamava que precisava cuidar urgente de seu corpo, judiado por alguns excessos cometidos. Mas como diria o grande New Model Army (que o Jamys curtia também): “The body is gone, the body is dead, children!”.

E o que fica agora é a lembrança de um homem culto, inteligente, criativo, de espírito contestador e libertário, que como artista gráfico experimentou de tudo (do humor simples ao Quadrinho psicológico/existencialista) e que em 35 anos de vida deixou um currículo lotado de Quadrinhos modernos e música revoltada, além de solidariedade, generosidade e sobretudo, muita atitude! Pra quem não sabe, o grande lema do Movimento Punk é: “Faça você mesmo!”, e o broder Jamys viveu essa filosofia intensamente cada segundo: fez tudo ele mesmo!!! E de tanto fazer tanto, só resta agora descansar mais um tanto! Por enquanto!...

Afinal, espírito hardcore não pára quieto por muito tempo!
Continue fazendo você mesmo, Jamys!
Abraços, meu amigo!

(Caricatura por Bira Dantas com texto de Marcio Baraldi)

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